Quem passa hoje por Serra dos Aimorés, no leste de Minas, dificilmente reconhece a cidade. Ruas esburacadas, calçadas destruídas e casas rachadas se tornaram parte da paisagem. Moradores afirmam que o motivo tem nome e peso: as carretas da Suzano Celulose.
De segunda a segunda, caminhões enormes atravessam o perímetro urbano levando toras de eucalipto com destino às fábricas da empresa. O problema, segundo os moradores, é que esses veículos chegam a transportar mais de 100 toneladas, algo completamente incompatível com as ruas estreitas e frágeis da cidade.
“É um inferno. Não dá pra dormir, o chão treme o tempo todo. Tem casa que já tá rachando inteira”, conta dona Maria, moradora há 40 anos.
Estudantes e idosos sob risco
Próximo à rota das carretas estão duas escolas cheias de crianças: a Estadual Vanda Reuter e a Municipal Castro Pires. Professores dizem que os alunos vivem assustados e que o barulho é tanto que muitas aulas são interrompidas. Idosos também relatam crises de nervos e casas invadidas por água da chuva por causa dos buracos e desníveis criados pelo tráfego.
Ministério Público entra no caso
Diante das denúncias, a Prefeitura de Serra dos Aimorés acionou o Ministério Público e pede uma medida urgente. A administração municipal alega que já cobrou a Suzano diversas vezes, mas até agora nenhuma providência concreta foi tomada.
Enquanto isso, a população segue contabilizando prejuízos. Terrenos estão sendo vendidos às pressas e famílias abandonam o bairro Panorama. “Estão acabando com a cidade”, resume um morador.
